A inovação como motor de crescimento: o Nobel em Economia 2025 e o Brasil
- José Maria Dias Pereira

- 24 de out.
- 3 min de leitura
O prêmio de Economia é o único que não está entre os cinco originais criados pelo cientista sueco Alfred Nobel, que faleceu em 1896. O Banco Central da Suécia criou o prêmio em 1968. O Nobel de Economia consiste em um diploma, uma medalha de ouro e um cheque no valor de 1,2 milhão de dólares. John Hassler, presidente do comitê do prêmio, explicou aos jornalistas que o trabalho do trio responde a perguntas sobre como a inovação tecnológica estimula o crescimento e como é possível manter um crescimento sustentável.
Em 2025, o Prêmio Nobel de Economia foi concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt por suas contribuições teóricas sobre o papel da inovação no crescimento econômico sustentado. Seus estudos demonstram como o avanço tecnológico, impulsionado por políticas adequadas e investimentos em pesquisa, pode gerar ciclos virtuosos de desenvolvimento.
A teoria reconhecida pela Academia Real de Ciências da Suécia se baseia fortemente no conceito de “destruição criadora”, cunhado por Joseph Schumpeter que descreve como novas tecnologias substituem as antigas, renovando continuamente o tecido produtivo. Schumpeter foi um economista austríaco que, em 1932 emigrou para os Estados Unidos, para se tornar professor na Universidade de Harward.
A relação com Schumpeter é direta e essencial. Aghion e Howitt, em especial, desenvolveram modelos que formalizam a ideia schumpeteriana de que o progresso econômico ocorre por meio da substituição de métodos obsoletos por inovações disruptivas. Mokyr, por sua vez, contribuiu ao identificar os fatores históricos e institucionais que favorecem esse processo. A destruição criadora não é apenas uma metáfora: ela representa uma dinâmica concreta de transformação que exige flexibilidade institucional, capacidade de adaptação e políticas públicas que incentivem a pesquisa e o empreendedorismo.
No contexto brasileiro, essa teoria oferece pistas valiosas para superar os entraves ao crescimento. A economia nacional tem enfrentado desafios como baixa produtividade, escassez de investimentos em ciência e tecnologia, e dificuldades de adaptação às mudanças globais. A teoria dos laureados sugere que o Brasil precisa fomentar ambientes propícios à inovação, com marcos regulatórios que estimulem a competição e a renovação tecnológica. Isso inclui desde a reforma do sistema educacional até incentivos fiscais para startups e centros de pesquisa.
Além disso, os debates levantados pelos vencedores do Nobel tocam em temas atuais como a regulação das redes digitais e o impacto da inteligência artificial. No Brasil, essas questões ganham relevância diante da crescente digitalização da economia e da necessidade de equilibrar inovação com proteção de dados e inclusão digital. A teoria reconhecida em 2025 reforça que o progresso tecnológico não é neutro: ele precisa ser guiado por políticas que maximizem seus benefícios sociais e econômicos.
A aplicação prática das ideias de Mokyr, Aghion e Howitt também exige uma revisão das políticas industriais brasileiras. Em vez de proteger setores estagnados, o Estado deve atuar como catalisador da inovação, promovendo a destruição criadora em áreas estratégicas como energia limpa, biotecnologia e inteligência artificial. Essa abordagem pode ajudar o país a escapar da armadilha da renda média e a se posicionar como protagonista na nova economia global.
Schumpeter já alertava que o empreendedor é o agente da mudança econômica. Os ganhadores do Nobel de 2025 atualizam essa visão ao mostrar que o empreendedorismo inovador precisa de um ecossistema institucional robusto. No Brasil, isso implica reduzir a burocracia, ampliar o acesso ao crédito e garantir segurança jurídica para quem investe em novas ideias. A destruição criadora não ocorre espontaneamente: ela depende de condições que o Estado pode e deve ajudar a construir.
Em suma, a teoria laureada em 2025 não é apenas uma celebração acadêmica — é um chamado à ação. O Brasil tem diante de si a oportunidade de transformar sua estrutura econômica por meio da inovação. Ao se inspirar em Schumpeter e nos estudos de Mokyr, Aghion e Howitt, o país pode trilhar um caminho de crescimento sustentado, inclusivo e competitivo. A destruição criadora, longe de ser uma ameaça, pode ser a chave para um futuro mais próspero.




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