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As consequências econômicas da guerra

Foto do escritor: José Maria Dias PereiraJosé Maria Dias Pereira

O livro As Consequências Econômicas da Paz, publicado em 1919, foi escrito pelo economista inglês John Maynard Keynes e teve grande influência nos anos 20 do século passado. Keynes nasceu em 1883, de uma família de alta classe média inglesa. Estudou na mais importante universidade da época (Cambridge), onde graduou-se inicialmente em matemática. Posteriormente, estudou no King’s College da mesma universidade, onde, sob orientação de Alfred Marshall – famoso economista da época – passou a dedicar-se ao estudo da economia. Depois de passar dois anos no Índia Office, tornou-se professor de Cambridge, onde permaneceu até sua morte, em 1946.


Além da vida acadêmica, Keynes teve uma brilhante carreira como funcionário público. Foi nessa condição que participou em 1919, como principal representante do Tesouro inglês, da Conferência de Paris onde foi assinado o Tratado de Versalhes, após o fim da I Guerra Mundial. Indignado com o tratamento injusto dado pelos aliados à Alemanha, Keynes afastou-se da delegação antes da assinatura do Tratado. Na restante da década de 20, Keynes participou ativamente do debate sobre a volta da libra ao padrão ouro.


Na primeira metade da década de 30, Keynes participou de polêmicas sobre o impacto de obras públicas sobre o desemprego, que culminariam com a publicação da Teoria Geral, em 1936 – de longe, a sua obra mais conhecida. Na prática, porém, teve pouca repercussão na política econômica da época. É folclore que o livro teria tido grande influência sobre o New Deal nos EUA.


Na sua análise ao Tratado de Versalhes, Keynes questionou o cálculo das reparações de guerra exigidas pelos franceses, que era cerca de seis vezes superior ao dano provocado. Esse valor seria incompatível com a capacidade de pagamento dos alemães. A questão das reparações de guerra se arrastaria por muito tempo, período no qual a Alemanha passou por crises econômicas e por hiperinflação (1923-1924). O pior, contudo, foi a construção de uma ideologia que culpava os bancos (leia-se judeus) e aliados pelo esfacelamento da nação alemã. Estava preparado o cenário para o nascimento do “ovo da serpente” – o nazismo. Hitler emergiu como o “salvador da Pátria” e provocou a II Guerra Mundial


O fim da União Soviética teria significado para a Rússia um enfraquecimento econômico (12ª economia mundial, com PIB equivalente ao do Brasil) semelhante ao da Alemanha, no caso das reparações de guerra? A expansão (ou não desmobilização) da OTAN, após a queda do muro de Berlin, é uma ameaça para a existência do povo russo? A invasão da Ucrânia pela Rússia irá aguçar o sentimento nacionalista e a visão de que o Ocidente é inimigo da Rússia? A construção de uma narrativa que chama a guerra com a Ucrânia de “operação especial” para livrá-la de grupos neonazistas, faz de Putin outro “salvador da Pátria” que poderá provocar a III Guerra Mundial?


Como se percebe, temos muitas perguntas. Respostas, ninguém tem ao certo. Se Keynes tivesse sido ouvido, no caso das reparações alemãs, pode ser que não tivesse havido nem Hitler, nem a II Grande Guerra. Se, do esfacelamento da União Soviética, não tivesse surgido o caos econômico, um presidente bêbado e corrupto (Boris Iéltsin), também ele não teria escolhido como braço direito um espião da KGB para sucedê-lo. Há quase duas décadas, Putin governa prendendo ou envenenando seus adversários.


Qual o simbolismo do recente discurso de Putin, num estádio com 60 mil expectadores, e os famosos discursos de Hitler na cervejaria em Munique? Hitler usava a propaganda para enaltecer as conquistas da Alemanha nazista; Putin mente aos russos enquanto seus planos de invasão da Ucrânia parecem ter dado errado. Ou será que ele planejou ser um pária da humanidade!

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8 de janeiro

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