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O brasileiro está feliz?

Foto do escritor: José Maria Dias PereiraJosé Maria Dias Pereira

Atualizado: 15 de dez. de 2023

O orgulho em ser brasileiro está em um momento de alta, passando de 77% para 83% em um ano, aproximando-se dos 89% registrados em novembro de 2010 (final do segundo governo de Lula). Já o sentimento da vergonha de ser brasileiro caiu de 21% para 16% no período. A satisfação em morar no Brasil, passou de 59% para 74% em um ano, segundo pesquisa do Datafolha. O ápice do sentimento favorável ocorreu em julho de 2005 (primeiro governo Lula), quando o país passava por um período de expansão econômica, alavancado pelo boom das commodities promovido pela aceleração do crescimento da economia chinesa.

 

Já o momento mais pessimista ocorreu em abril de 2018, no clima generalizado de insatisfação com a classe política despertado pela Operação Lava e que desaguou na eleição de um candidato que se vendia como outsider (Jair Bolsonaro). Nesse ano, só 48% se diziam felizes de morar no Brasil. A correlação da satisfação do brasileiro com a situação econômica é inquestionável. Atualmente, o Brasil vive o momento de menor desemprego (7,6% no trimestre fechado em setembro) desde 2014. O crescimento do PIB deverá ficar próximo de 3% este ano, enquanto a inflação deve permanecer estabilizada ao redor de 5% e a taxa básica de juros, apesar de ainda muito alta (12,25% a.a.), está em queda livre, o que significa perspectivas favoráveis para o investimento futuro. Além disso, o investimento público está aumentando pela reativação de programas dos governos anteriores de Lula (exemplo, o PAC).

 

Na reta final de seu primeiro ano de mandato, o presidente Lula manteve sua avaliação estável. Chega, ao final de 2023, com 38% de aprovação dos brasileiros, enquanto 30% consideram seu trabalho regular, e o mesmo número, ruim ou péssimo, conforme a mais recente pesquisa do Datafolha. Embora seja um percentual superior ao primeiro mandato de vários governos anteriores, o fato de se manter estável desde o início do ano revela que a polarização política entre os brasileiros, praticamente, não mudou desde as últimas eleições.

 

O perfil da aprovação presidencial segue as linhas básicas da campanha eleitoral: é mais bem avaliado entre nordestinos (48%, num grupo que representa 26% da amostra) e entre quem tem menos escolaridade (50% nesses 28% dos ouvidos). Na mesma linha, sua reprovação sobe a 39% entre os 22% com curso superior e os 15% que moram no Sul. O maior índice é visto nos 4% mais ricos: 47% dessas pessoas que ganham mais de 10 salários mínimos mensais veem Lula como ruim ou péssimo.

 

Em resumo, 2023 pode não ser o melhor ano de nossas vidas, mas o brasileiro parece mais feliz. Porém, preocupa o fato de que nem as boas notícias da economia tenham mudado o panorama pré-eleitoral após quase um ano do novo governo. O número dos que acham o governo Lula ótimo ou bom (cerca de um terço), também acham o atual governo ruim ou péssimo, mesmo percentual dos que acham a atual gestão como regular. A pesquisa mostra que o discurso de ódio, passado quase um ano da tentativa de golpe, ainda está presente, sobretudo da parte dos mais escolarizados e ricos. Isso torna a unificação do país muito difícil para Lula, mas não impossível a julgar pelo que ocorreu no passado, quando deixou o governo com mais de 80% de aprovação "ótimo e bom". Naquela ocasião dizia-se que "Lula elegeria até um poste". Naquela época, porém, não existia uma extrema-direita como hoje, capaz de utilizar um "território sem lei", como é a internet, para povoar as redes sociais de notícias falsas e confundir e alimentar o ódio e o preconceito da população.

 

É preciso discutir o país não como “governo” e sim como “Estado”, ou seja, além de Lula. Você pode não gostar do Lula. É normal. Mas é preciso encarar, com serenidade, o papel de Lula na história do país. Minha opinião sobre ele variou em várias circunstâncias, ora fui contra, ora fui a favor. Não desconheço a sua proximidade permissiva com políticos fisiológicos (“Centrão”), que vai desde a barganha por ministérios até a liberação de verbas das Emendas parlamentares. Mas, pergunto: sem maioria no Congresso, há outra alternativa senão negociar com os adversários? Lula aprendeu com o principal erro de Dilma – a intransigência.

 

Mas tudo isso se apequena, quando olhamos a verdadeira dimensão de Lula. As mesmas forças políticas que derrubaram, a meu ver, injustamente Dilma, também impediram que Lula concorresse em 2019. Condenado e preso sem provas por um juiz parcial, saiu da prisão para vencer a eleição. Já eleito, conseguiu impedir o golpe antidemocrático que estava “armado” à porta dos quartéis. Mais uma vez, negociou com militares um ministro da Defesa com bom trânsito na Força e apaziguou os quartéis. O mais difícil é se equilibrar em meio a uma base parlamentar que ora vota a favor, ora vota contra.  Avaliar o 1º ano do terceiro governo Lula exige empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro. Quer tentar, prezado leitor?

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