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Falta ética na política

Foto do escritor: José Maria Dias PereiraJosé Maria Dias Pereira

Eis que chegou o tão esperado dia 1º de abril. Foi dada a “largada” para a “corrida” que vai eleger o próximo presidente e renovar o Congresso e governos estaduais. Daqui para a frente, não pode mais haver troca de partido e, para quem exerce cargo público, deixar a função. Isso para os mortais comuns, porque o presidente, governadores, deputados federais e governadores não precisam se desencompatibilizar. O que lhes dá uma enorme vantagem de exposição na mídia em comparação aos candidatos novatos. É por isso que vemos poucas “caras novas” na política. Geralmente, a renovação na Câmara fica abaixo de 50% (2018 foi exceção). A política vira profissão. Quer melhor exemplo do que Bolsonaro que se reelegeu 7 vezes? Somado o mandato de presidente, serão mais de 30 anos. E, “de quebra”, elege a família junto!


Como a maioria dos políticos é beneficiada por esse estado de coisas, não há interesse em mudar as regras. Quando mudam, é por interesse próprio. Como FHC que alterou a Constituição para se reeleger. Ou para aumentar a verba do “fundo eleitoral” para absurdos 4,9 bilhões de reais, mais do que o dobro da eleição de 2018. Tem ainda o chamado “orçamento paralelo”, usado pelo governo no tradicional “toma lá, dá cá”. Só para lembrar: esse fundo foi criado após a proibição do financiamento empresarial de campanhas políticas. Hoje, não sei se foi decisão acertada. Ou alguém acha que diminuiu a influência das empresas junto ao Congresso? O fato é que, por inépcia do próprio Presidente, vivemos hoje num regime democrático híbrido – presidencialismo com “pitadas” de parlamentarismo.


Por causa de um regime deste tipo que Dilma Rousseff foi deposta, embora não tenha cometido crime algum. Simplesmente, ela perdeu a sua base de sustentação no Congresso, que preferiu tirá-la do poder. Pode-se chamar de golpe ou não. O que aconteceu foi que o “centrão”, como o parasita que já sugou os nutrientes de uma planta, resolveu pular fora e Dilma perdeu a governabilidade. Não houve nada ilegal na conduta da ex-presidente. As tais manobras fiscais para ocultar o saldo devedor no orçamento do governo (“pedaladas”), que serviram de base para o impeachment, além de ser prática comum nos governos anteriores, não provocaram nenhum dano aos cofres públicos. Tanto isso é verdade que a ação que transitava na Justiça foi extinta em março do corrente ano, por decisão do TRF da 2ª Região.


O jogo de interesses por trás do processo eleitoral brasileiro é estarrecedor. Só no dia 1º de abril, quando se fechou a janela partidária, 132 deputados trocaram de partido (25% do total de 513 deputados que compõem a Câmara Federal). A revoada de políticos foi maior para o ninho do PL, partido de Bolsonaro, que ganhou mais 31 deputados, passando a ser o partido de maior bancada (74 deputados). O PP ganhou mais 20 deputados e passa a ser a 2ª maior bancada (59 deputados). Não por acaso, os presidentes desses partidos, Arthur Lira e Ciro Nogueira, são, respectivamente, presidente da Câmara e Chefe da Casa Civil. Alcançaram esses cargos por um único motivo: são os principais líderes do “centrão”.


O quadro partidário no Brasil, além de exagerado (mais de 30 siglas) não tem princípios ou ideologias. Cresce à sombra do fundo eleitoral. Os partidos que têm mais recursos atraem mais deputados. Foi o que aconteceu com o PL e o PP. O ex-juiz Sérgio Moro trocou de partido (do Podemos para o União Brasil) no último dia do prazo, sem sequer avisar os dirigentes partidários da sigla que se filiou para disputar a presidência. Mas, se deu mal: o novo partido fechou à porta para sua pretensão de concorrer à presidência.


Outros exemplos de oportunismo explícito são patrocinados por Eduardo Leite (PSDB) E Gilberto Kassab (PSD). O primeiro, à exemplo de Moro, é um “alpinista político” – quer começar logo pelo cargo de presidente. Perdeu as prévias do PSDB (para João Dória), mas insiste em sabotar o vencedor. Algo nunca visto na política gaúcha, deixou o cargo de governador do RS sem esclarecer o motivo. Já Kassab, perguntado numa entrevista qual candidato o seu partido apoiaria, saiu-se com a seguinte pérola: “o PSD tende hoje a apoiar Lula, mas não descarto o apoio a Bolsonaro”.

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