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Ócio criativo

Foto do escritor: José Maria Dias PereiraJosé Maria Dias Pereira

Hombre que trabaja pierde tiempo precioso

(ditado popular espanhol)


Criador do conceito de '"ócio criativo", autor de mais de 20 livros e um dos pensadores mais influentes do final do século XX, Domenico De Masi morreu aos 85 anos, em Roma. A informação foi confirmada neste sábado (9/9/2023). O sociólogo nasceu em Rotello, em 1938, e tinha o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro. Assim o portal G1, da Rede Globo, noticiou a morte do famoso sociólogo do trabalho italiano. Entre suas obras mais importantes, está o best-seller "O Ócio Criativo", de 1995, que defende a tese de que o tempo livre pode estimular a criatividade pessoal, favorecendo a inovação e aumento da produtividade nas empresas. Em outro livro, “O Futuro do Trabalho” (1999), De Masi apresenta, como se estivesse num Tribunal, acusações à atual organização do trabalho, a mudança do trabalho após o advento da sociedade pós-industrial e 10 teses sobre o desenvolvimento sem trabalho.


Segundo a Agência Brasil, em junho deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o sociólogo, em Roma. A reunião durou cerca de 1 hora. Lula já havia visitado o escritor, em 2015 e 2020, na Itália. Em abril de 2019, Domenico De Masi foi uma das celebridades que visitou Lula na prisão, em Curitiba. Na saída do prédio da Polícia Federal, após o encontro privado, Domenico De Masi fez declarações à imprensa e ao público, que fazia vigília local.


De Masi sempre foi crítico do excesso de trabalho. Costumava usar apólogos nos seus livros, como a do leão e a gazela: “toda manhã, na África, uma gazela desperta. Sabe que deverá correr mais depressa do que o leão ou será morta. Toda manhã, na África, um leão desperta. Sabe que deverá correr mais do que a gazela ou morrerá de fome. Quando o sol surge, não importa se você é um leão ou uma gazela: é melhor que comece a correr. Texto como esse, segundo De Masi, representa constrangimento aos trabalhadores, coagindo-os a serem competitivos a qualquer custo. De Masi disse que conheceu um diretor de uma grande empresa, tão entusiasta desse apólogo, que costumava distribuir cópia para todos os seus funcionários


Em entrevista ao G1, numa de suas frequentes vindas ao Brasil no passado, De Masi reforçou seu ponto de vista: “As muitas pesquisas realizadas em todo o mundo mostram que, com o trabalho à distância, a produtividade aumenta de 15% a 20%. Isso significa que o teletrabalhador pode fazer em sete horas o que antes, no escritório, levava oito horas". Aqueles que, por teletrabalho, estenderam seu dia de trabalho em vez de encurtá-lo, são neuróticos que não podem viver sem trabalhar. Precisam de ajuda para se desintoxicar. O teletrabalho permite combinar trabalho, estudo e lazer: ou seja, permite o ócio criativo”.


No livro “O Futuro do Trabalho” (UNB/José Olympio Edit.p.25) vamos encontrar a tese central do sociólogo italiano: “O tempo sem trabalho ocupa um espaço cada vez mais central na vida humana. É preciso, então, reprojetar a família, a escola, a vida, em função não só do trabalho, mas também do tempo livre, de modo que ele não degenere em dissipação e agressividade, mas se resolva em convivência pacífica e ócio criativo [...] requer por isso um ambicioso plano de reeducação e um amplo pacto social que objetive a redistribuição mais justa do trabalho, da riqueza, do saber e do poder.”


De certo modo, a tese da predominância do “não-trabalho” foi testada durante a Pandemia da Covid-19. O maior tempo de convivência em casa, por um lado, aumentou os casos de violência doméstica e, por outro, o ócio criativo, já que pequenas empresas, ou simplesmente pessoas que perderam os empregos, tiveram que encontrar novos meios de sobrevivência. Paralelamente, a desconfiança das empresas em relação à eficácia do “Home Office” diminuiu porque houve ganhos de produtividade. Não foram poucas as empresas que, mesmo após o fim da Pandemia, mantiveram total ou parcialmente o trabalho em casa de seus funcionários.

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